Como você está se sentindo? Como as pessoas à sua volta estão se sentindo?
Já se vão quase 6 meses desde o início da pandemia do COVID-19 aqui no Brasil e nessa altura de campeonato não há quem não tenha sido atingido de uma forma ou de outra. Recomendo a leitura do artigo de David Kesseler, especialista em luto, publicado na HBR de julho-agosto 2020. Ele classifica as pessoas em três grupos e vou me apoiar em sua análise para complementar as questões relacionadas aos estados emocionais que geralmente ativados em cada caso.
Vamos entender a gravidade da situação
O primeiro grupo é os dos que foram indiretamente impactados pelo COVID. Não sofreram danos à saúde nem em relação ao aspecto financeiro, mas que não deixaram de sofrer perdas, nem que seja em relação às privações e dificuldades de adaptação ao novo estilo de vida imposto pelas políticas de lockdown e isolamento social. Eles também olham para o lado, veem o que está ocorrendo com as pessoas e se sentem preocupados. O grau de preocupação varia em relação à experiência de cada um: há os que já passaram por outras crises antes, e já tivemos muitas, e tentam minimizar as consequências da crise atual. Os mais jovens ou aqueles que já foram severamente impactados por crises anteriores ficam apavorados e espalham o alarme e temor, principalmente por meio das redes sociais. Os sentimentos aqui são de frustração pelas oportunidades que foram perdidas, e de ansiedade generalizada em relação a que ainda pode vir a acontecer.
Um segundo grupo foi diretamente impactado. Os integrantes desse grupo ou seus familiares ou amigos próximos sofreram perdas significativas, quer seja no aspecto econômico quanto de saúde. Por exemplo, chegaram a contrair a doença, mas felizmente se recuperaram, pelo menos fisicamente. Aqui o dano foi real e a sensação predominante foi de tristeza e angústia, tão maiores quanto mais intensa a experiência que viveram. As pessoas desse grupo estão seriamente revendo seus valores e estilos de vida. Os que ainda possuem condições, pensam em mudar de cidade, mudar de ocupação, rever suas prioridades. Quem ainda não pode, anda cabisbaixo: os desafios que antes motivavam ou as pequenas compensações que justificavam sacrifícios pessoais como horas extra de trabalho, trânsito, convivência em ambientes ou pessoas tóxicas não são mais suficientes. Essas pessoas então em busca de um novo sentido. Há um gosto de desânimo na boca e se alguém não se empatiza com sua situação ou se, por exemplo, seus gestores tentam tratá-los da mesma forma que antes, minimizando seu sofrimento, a sensação passa a ser de amargura!
O terceiro grupo infelizmente sofreu a perda de um ou mais de seus familiares ou amigos queridos. Aqui o sentimento é de desorientação e luto e isso implica um processo de cura emocional que pode demorar meses.
O que fazer então?
Não podemos sufocar todos esses sentimentos, nem em nós mesmos, nem nos outros que dependem de nós. Isso pode gerar uma sobrecarga maior ainda, caso você seja gestor de pessoas, profissional de RH, professor ou tenha profissões de cuidado e assistência social, em que adicionalmente é preciso zelar pela saúde emocional de outras pessoas.
O tempo exige autocompaixão e autocuidado. O avião está passando por uma área de turbulência e, quando as máscaras caem do teto, é preciso colocá-la primeiro em si para depois ajudar as outras pessoas em sua volta.
Porque IE 5.0?
Você já deve ter ouvido fala da revolução industrial 4.0: a internet das coisas, a inteligência artificial substituindo a inteligência humana, níveis cada vez maiores de automação de processos e por aí vai. Um cenário tipo Blade Runner, em que as máquinas invadem cada vez mais o campo de atuação das pessoas.
Mas felizmente, o que já é pauta de muitas discussões de análise de cenários já é a próxima revolução industrial. A Indústria 5.0 é a revolução na qual o homem e a máquina se reconciliam e encontram maneiras de trabalhar juntos e de forma integrada para melhorar os meios e a eficiência da produção.
Achamos essa uma excelente oportunidade para enfatizar o conceito de “Inteligência Emocional 5.0”, especialmente no contexto da liderança. Esse é o momento em que a tomada de decisão e a gestão de comportamentos passa a considerar as emoções das pessoas, estejam presenciais ou on-line, uma vez que entende que não há mais como “deixá-las de lado”. Pelo contrário: emoção, pensamento e comportamento caminham juntos e essa integração é essencial para que o ser humano seja pleno.
Assim, por mais amargas que sejam as emoções nesse mundo durante e pós-COVID, precisamos acolhê-las, compreender seu impacto em nós e naqueles que nos cercam, entender o que elas podem representar para nossos modelos e escolhas de vida e, considerando o aprendizado que nos trazem. Em outras palavras precisamos aprender a sentir, para só então saber seguir adiante.
Por sorte, muitos já estudaram sobre essas emoções e sobre como esse processo de aceitação pode ser facilitado e é esse conjunto de conhecimentos e habilidades que na Conexão IE decidimos chamar de IE 5.0. Nossas ações de informação e treinamento serão focadas nessa direção nesse momento de recuperação de nossa saúde emocional.
Cuidar de si é preciso, para que possamos cuidar de quem depende de nós!
Publicado originalmente no LinkedIn por Marcelo do Carmo
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